IÇA O DOIS!

CONTRATANDO A LOGÍSTICA

Artigo 33_2            ano 2009                                                                                                                                                              RCapetti

Fonte: THE ACQUISITION LOGISTICS GUIDE (DoD USA).

Em qualquer processo de obtenção de sistemas complexos o sucesso depende, fortemente, da atenção que se dá aos aspectos logísticos envolvidos.

Isso não é feito de maneira desorganizada, e deve seguir métodos e praticar processos já comprovados, para cada vez mais se assegurar do uso das melhores práticas nesse imenso campo de atividades. 

Como não temos ciência de como procedem nossas FFAA na atualidade, disseminamos essas informações para servirem de base à reflexão e, quem sabe, elaboração de normas fundamentais para a contratação da Logística, nos macro processos de obtenção dos complexos sistemas de armas.

Na MB, essas informações foram oferecidas à Diretoria de Administração, referindo-se ao assunto LICITAÇÕES e CONTRATOS, cuja orientação é da sua  da sua alçada.

A idéia básica foi motivar para a necessidade do aperfeiçoamento de diretrizes enfatizando que as atividades de obtenção de sistemas complexos requerem, no mínimo, profundo entrosamento entre técnicos,  experts em LOGISTICA  e administradores profissionais responsáveis pelas LICITAÇÕES e CONTRATOS.

Publicamos, mas ainda carecendo de muitas revisões,  esse texto, que reproduz o processo seguido pela MoD USA,  a fim de servir de subsídios para uma possível futura orientação na elaboração de diretivas.

CONTRATANDO A LOGÍSTICA

Logística oportuna economiza no orçamento!

Nos países de elevada cultura militar o Processo de Obtenção de sistemas militares de defesa (do Exército, da Marinha e das Forças Aéreas) tem tamanha importância que a ele são dirigidos muitos esforços de aprimoramento, preparo do pessoal, disseminação de diferentes instruções, etc. Assim, todos que tem responsabilidades sobre o preparo do Poder Naval, sejam de instituições militares,  instituições governamentais ou instituições da iniciativa privada, falam a mesma linguagem.

No caso do Ministério da Defesa dos EUA, a interação entre essas várias instituições é regida e regulamentada por diferentes instrumentos legais,  dos quais citamos algumas leis, regulamentos diversos e instruções mais conspícuas, tais como a The Federal Acquisition  Regulation (FAR),  a “Office of Federal Procurement Policy.”, as “Review of the Spare Parts procurement practices of the department of defense”June 1984”; o “MIL-HDBK-245B “Preparation of Statement of Work (SOW)”; os “Defense Federal acquisition Regulations Supplements (DFARS)”; o “DARCOM Pamphlet 700-21 Integrated Logistics Support Contracting Guide”; o “DoD/NASA Incentive Contracting guide, October 1969”, o “Army field Manual 38-34 NAVMAT” e o “Pamphlet 4283 AF 70-1-5”.

Ler, conhecer e aplicar toda essa legislação e regulamentação é um trabalho descomunal, mas que só pode ter êxito na medida em que Escolas especializadas preparam o pessoal para lidar com elas. É o caso da “Defense Acquisition University”, componente do sistema educacional daquele país, com vistas ao preparo para à obtenção dos diferentes ativos de defesa e seus correspondentes sistemas de apoio.

Sem esses recursos, a obtenção de sistemas militares de Defesa para compor os inventários das forças armadas americanas do norte seria uma tarefa impossível de ser cumprida. O mesmo acontece em diferentes países em que as necessidades militares teem que ser transformadas em ativos dentro de um sistema em que a qualidade de obtenção é uma obrigação. Visa esta qualidade, entre diferentes propósitos, a otimização do emprego dos recursos providos pelos contribuintes e sua aplicação nas atividades de guerra.

Uma das mais importantes peças instrucionais para obtenção dos ativos de defesa, nos EUA, é o Acquisition Logistics Guide, cujo capítulo 17 trata do processo de CONTRATAR A LOGÍSTICA, uma das muitas atividades a serem desenvolvidas no macro-processo de obtenção, e sem o qual, qualquer programa de obtenção estará fadado à improvisações, desperdícios e possivelmente, ao fracasso.

        CONTRATAR A LOGÍSTICA para cada obtenção é prover para a contratação do APOIO  LOGÍSTICO para cada caso particular, sendo essa a principal maneira de implementar a estratégia oficial (de governo) para a Logística quando da obtenção de quaisquer sistemas de armas.

È essencial que tal contratação esteja inserida numa moldura legal e regulamentar,  e deve estar em consonância com a estratégia de obtenção aprovada no marco notável do processo de obtenção, pela autoridade decisora (consulte 17.2.3.1 do Guide).

A contratação da Logística é, pois, ferramenta essencial a ser usada para se obter, de fontes comerciais, a maioria dos produtos (deliverables) logísticos, durante o processo de obtenção do sistema, entre os quais:

  • Documentação logística, tais como análises, planos, designs e relatórios;

  • Materiais de apoio, tais como sobressalentes e partes sobressalentes, equipamentos e software de apoio;

  • Serviços logísticos tais como treinamento, componentes de reparo e a manutenção “turn-key” e apoio de suprimento, de equipamentos selecionados (exemplo, simuladores de treinamento)  ou do próprio sistema.

            Alguns desses deliverables podem ser procurados sob um contrato logístico separado; outros podem fazer parte do contrato geral do programa de obtenção. Em ambos os casos, o objetivo do governo é satisfazer  suas necessidades de apoio logístico, a um preço razoável, dentro dos marcos legais e regulatórios.

             O CONTRATO é a peça fundamental para estabelecer responsabilidades específicas para ambas as partes, o contratante (Governo) e o contratado principal. No que diz respeito ao Governo, são as seguintes as atividades contratuais gerais a serem consideradas:

·        Estratégia de Obtenção (determinar qual a)

·        Planejamento da Obtenção (planejar a obtenção segundo a estratégia definida)

·        Pacote de procura (estabelecer o pacote de procura)

·        Avaliação da Proposta (avaliar as diferentes propostas)

·        Discussão/Negociação e adjudicação do contrato (negociar à exaustão)

·        Monitoramento do contrato (acompanhar a execução do contrato).

            Como se pode observar, são muitas atividades a serem desenvolvidas e acompanhadas, e cada uma delas tem suas especificidades, dentro da moldura legal que deve caracterizar cada contrato.

A publicação em referência (o Guide)  delineia os passos fundamentais de cada atividade, na forma de orientação para o exercício dessas atividades (ver 17.2. BACKGROUND).

Assim, tal publicação, no capítulo considerado  (e ref 17.2.1), ao lembrar que as  políticas de governo dependem muito profundamente das fontes comerciais privadas para suprimentos e serviços, informa que existem diretivas governamentais e outras (formais)  que estabelecem regras e procedimentos para implementação dessa política. São documentos que tanto refletem a lei fundamental da procura como as regras de procura para as FFAA e as revisões implementadas anualmente para o processo de autorização e de apropriação. Cabe ao Ministério da Defesa de cada país implementar e expandir a aplicação da Regulamentação Federal no que lhe diz respeito, bem como as FFAA fazê-lo, no seu âmbito.

AUTORIDADE CONTRATANTE, RESPONSABILI-DADES, PARTICIPAÇÃO (ver 17.2.2 do Guide)

Autoridade e Responsabilidade para contratar os suprimentos e serviços autorizados repousam no chefe da Agência designada e é delegada à agentes governamentais contratantes. Por seu turno, os agentes governamentais contratantes são responsáveis por assegurarem que todos os requisitos legais, ordens executivas, regulamentos e procedimentos sejam identificados antes de exercer a autoridade. Muito embora aqueles que contratam  recebam ampla latitude em exercer julgamento comercial, eles devem assegurar que os que executam os contratos  recebam tratamento imparcial e equitativo; e eles devem eleger e considerar os conselhos de especialistas na Gerência de Programas, em Engenharia, Logística e outras áreas, como apropriado.

Até aqui, como podemos observar, nada de diferente é feito no Brasil. Aqui, como lá, a moldura legal de toda contratação deve ser sempre respeitada. O problema é ter metodologia e ferramentas adequadas para fazê-lo.

Em face disso surge, então, a novidade. Prevê tal guia de referência que, no país de origem, Especialistas, tais como Gerentes de Logística (Logistics Managements LM) devem estar envolvidos em todos os principais eventos contratuais, como por exemplo a seleção de fontes de fornecimento. As principais atividades contratuais, como por exemplo o desenvolvimento da estratégia de obtenção para a Logística, são responsabilidades primárias do  Gerente de Logística.

O Gerente de Logística tem muito envolvimento no processo global de contratação, da preparação do pacote de procura  ao monitoramento do desempenho do CONTRATADO PRINCIPAL (contractor).

No caso brasileiro, nem todas as Forças Armadas tem Sistema de Logística implantado, e nem todas preparam  seus Oficiais para exercerem o papel de Gerentes de Logística (Exemplo, a MB).

O DESENVOLVIMENTO DO CONTRATO (consultar 17.2.3 do Guia)

As atividades básicas de contratação que envolvem o Gerente de Logística abrangem:

·        Desenvolvimento da estratégia de obtenção;

·        Planejamento da obtenção;

·        Método recomendado de contrato e tipo;

·        Preparo do pacote contratual; avaliação das propostas; e

·        Monitoramento do desempenho contratual.

Na legislação dos EUA, tudo isso é considerado segundo a  “Federal Acquisition Regulation - FAR 7, 34, 35 e 37 (EUA)”. Os Processos de solicitação, negociação e de adjudicação são da responsabilidade do oficial contratante, com a assistência apropriada de de especialistas tais como o Gerente de Logística (ref figura 17-2 no Guia).

Para exercer suas atribuições, o Gerente de Logística deve se familiarizar  com suas responsabilidades para esses eventos contratuais que se relacionam com a contratação para o APOIO (ref Guia, Fig 17-1 e 17-2 mostram uma cronologia genérica de eventos de contrato). No guia em questão os eventos essenciais de uma contratação são apresentados em ordem cronológica, sendo essas molduras temporais  representativas dos tempos mortos dos contratos, refletindo as determinações do “Ato de Competição em Contratação, 1984.(competition in contracting Act, 1984 USA)”.

ESTRATÉGIA DE OBTENÇÃO (Guia, consulte 17.2.3.1)

Os Gerentes de Logística devem seguir uma Estratégia de Obtenção que permita  contratos precificados competitivos. Outras considerações estratégicas incluem a implementação de garantias, quebra de itens contratuais (breakout), e a consolidação dos requisitos das partes sobressalentes (inicial, que se segue, e reabastecimento). É evidente que a  estratégia contratual da Logística deve ser compatível com a estratégia global do programa de obtenção. As duas devem ser perfeitamente compatíveis, tendo por referência a Estratégia de Obtenção traçada para o Programa de Obtenção.

PLANEJAMENTO DA OBTENÇÃO (Guia, 17.2.3.2)

No planejamento da obtenção de dados logísticos, materiais, ou serviços, o Gerente de Logística deve trabalhar com (ou apoiar) a equipe de Governo que desenvolve o processo de Obtenção. Esses Gerentes são responsáveis por aspectos significativos da obtenção, tais como os de contratação, os financeiras e os técnicos, que são necessários para que seja criado um PLANO DE OBTENÇÃO (ref. FAR 7.105). Existe uma grande variedade de tipos de contratos, de modo a prover flexibilidade em obter os recursos logísticos necessários. Esses diferentes tipos de contratos variam de acordo com o grau  e cronograma da responsabilidade (risco) assumidos por quem contrata, quanto aos custos e ao desempenho, bem como ao estabelecimento de cláusulas sobre a quantificação e a natureza dos incentivos de lucro.

            Embora sendo da cultura daquele país, mencionamos alguns diferentes tipos de contrato que lá são empregados, na esperança que possa ser útil, quando de uma revisão da Lei nacional que regulamenta LICITAÇÕES E CONTRATOS (a 8.666).

Os tipos de contrato nos EUA são classificados em duas grandes categorias: contratos a preços fixos e contratos chamados de cost-reimbursement. Os tipos específicos de contratos variam de firm-fixed-price, pelo qual o Contratante é inteiramente responsável pelo desempenho, custo e lucro (ou perda), passando por tipos de diferentes caracteríticas, até o chamado cost-Plus-fixed-Fee (CPFF), pelos quais o Contratante tem a mínima responsabilidade pelo desempenho e custos, mas recebe uma taxa negociada (ref. FAR 16). No tipo de contratos Cost-Plus-Incentive-Fee (CPIF) o governo ainda está sujeito aos maiores riscos; contudo as taxas do Contratante, que se referem ao lucro, variam baseadas no alcance dos objetivos que são incentivados no contrato.

O PACOTE DE PROCURA (ver 17.2.3.3 do Guia)

O pacote de procura abrange a maioria das informações que o agente que contrata necessita a fim de preparar uma solicitação de propostas como prescrito na parte “I – The Schedule of the Uniform Contract format” (FAR-14.201-2).

       Esse pacote provê informações técnicas e gerenciais, tais como a amplitude e a profundidade dos dados e os materiais e serviços a serem obtidos. Uma declaração oportuna e abrangente, conhecida como SOW (de Statement of Work), é requerida para cada obtenção envolvendo equipamentos ou processos que necessitam futuro Apoio Logístico, serviços ou dados. A Publicação MIL-HDBK-245B “Preparation of the Statement of Work (SOW)” provê orientação específica para se identificar e apresentar informações sobre os deliverables logísticos num formato consistente com os requisitos de cada fase do ciclo de vida do produto.

        O Gerente de Logística deve ter atenção voltada para cada parte do pacote de procura (em nossa cultura, o Objeto da Licitação) porque os requisitos logísticos estarão, normalmente, espalhados por toda a documentação. Desse modo, ele deve ter o maior cuidado em selecionar e descrever os deliverables relacionados. Planos, desenhos, especificações, padrões e descrições de compras devem ser seletivamente escolhidos e aplicados, e dimensionadas para cada caso particular de aplicação abordado no SOW.

        As especificações de desempenho, ou comerciais, devem merecer forte confiança, uma vez que muitas military standards, que proveem orientação relacionada à Logística, foram canceladas, em face do “Federal Acquistion Stremlining Act of 1995” (segundo o qual muitas military standars foram canceladas, aproveitando-se da existência de muitas especificações comerciais idênticas, e com isso facilitando a vida dos contratados no sentido de entenderem as especificações militares, que quase sempre são formalizadas com bastante complexidade.)

É recomendação do Guia em referência, aos Gerentes de Logística, que depois de reverem as normas sobre um determinado tópico, selecionem o menor número de normas que abranjam a desejada amplitude e profundidade das tarefas logísticas, em áreas tais como planejamento, suprimento, recursos humanos (força de trabalho), pessoal (aptidões) e treinamento. É igualmente recomendado que aplicações específicas devem ser apropriadamente dimensionadas de modo a atenderem às necessidades de um Programa, por meio da seleção ou modificação dos Data Item Descriptions (DID) padronizados. O Pacote de procura (Objeto do contrato) deve abranger:

  • Orientação ao CONTRATADO PRINCIPAL acerca do referencial governamental da Logística – objetivos, requisitos, importância relativa a outros objetivos de programa, conceitos, assunções, restrições, e prioridades.

  • Tarefas específicas da logística a serem realizadas pelo CONTRATADO PRINCIPAL, tais como análises logísticas, avaliações de alternativas logísticas, preparação de planos e conceitos, cursos de treinamento, sobressalentes e partes sobressalentes, dados técnicos, etc. e

  • Incentivos visualizados em alcançar o desejado balanço entre as capacitações logísticas e as demais de desempenho.

   Os termos usados nos CONTRATOS devem ser compreensíveis e consistentes com cláusulas contratuais padrões. Devem ser evitadas palavras dúbias, termos com múltiplos significados, termos não claros ou conflitantes.

AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS (Guia, 17.2.3.4)

        Sobre esse item o Guia recomenda ao Gerente de Logística identificar e definir que considerações de Logística que devem ser endereçadas nas propostas dos concorrentes, e auxilia em determinar a importância relativa (o peso) de fatores de avaliação tais como compreensão do problema, abordagem técnica, “outros fatores técnicos”, experiência e custos.

       “Outros fatores técnicos” devem prover critérios mensuráveis e significativos relacionados aos requisitos específicos de apoio logístico do sistema proposto.

      Essas considerações logísticas são também incorporadas no Plano global de seleção de fornecedores (“Source Selection Plan SSP”) que contém os fatores de avaliação e peso para cada fator. Esses devem estar nos registros do agente contratante e incorporados no Pedido de Cotação (Request for Proposal RFP) antes da liberação desta.

        No preparo para as reuniões do grupo de trabalho, o Gerente de Logística deve avaliar independentemente todos os itens de propostas técnicas relacionados à Logística a fim de contribuir com liderança significativa, nas discussões que se seguem para a seleção dos fornecedores.

 

MONITORAMENTO DO CONTRATO (ver guia 17.2.3.5)

Colocar o CONTRATO  em um arquivo digital que contenha todas as suas cláusulas e a documentação pertinente é uma valiosa ferramenta de gerenciamento.

        Esse arquivo deve incluir  todas as modificações  contratuais administrativas e de procura, que são referidas como “Mods A” e “Mods P” respectivamente.

        Os dados no arquivo de CONTRATO relacionam diretamente o desempenho real com os custos reais e, quanto automatizado, o faz praticamente em tempo real. Durante o período de desempenho, esses dados devem ser usados para rapidamente identificar, examinar e resolver os problemas logísticos que vierem a surgir.

 

 

 MÉTODOS DE CONTRATAR (ver Guia 17.2.4)

O ato que trata da Competição nas Contratações, 1984, (EUA) requer que as Agências que estejam conduzindo procura por mercadorias e serviços se empenhem em estabelecer condições de “plena competição”,  por meio da maximização do uso de “procedimentos competitivos”. Isso significa que todas as fontes responsáveis são encorajadas a submeter propostas lacradas ou propostas competitivas, dependendo do que esteja sendo requerido na solicitação.

       Há duas diferenças primárias entre os procedimentos competitivos, conhecidas como ofertas seladas, e propostas competitivas. A primeira diferença se relaciona com os fatores da adjudicação. Quando usando propostas lacradas, a adjudicação se baseará unicamente  no preço e outros fatores a ele relacionado. Em contraste, propostas competitivas permitem considerações sobre outros fatores diversos, tais como o mérito técnico, que vai muito além de considerar somente custos, a fim de atender às necessidades governamentais.

A segunda diferença envolve a flexibilidade de negociação a fim de se chegar a um acordo comercial. Com ofertas seladas, a discussão não é permitida, outra que não aquelas necessárias com o propósito de pequenos esclarecimentos. A proposta competitiva, contudo, permite discussão e oferece aos proponentes a oportunidade de revisarem  suas ofertas subseqüentes na discussão. No contexto, “barganhar” refere-se à discussão, persuasão, e alteração das assunções e posições iniciais. Este toma-lá-dá-cá pode se aplicar ao preço, à programação, aos requisitos técnicos e outros termos do contrato proposto. O uso de “outros procedimentos que não competitivos” (sole source negotiations) é somente autorizado quando as circunstâncias da obtenção atendem aos critérios de uma de sete exceções identificadas na lei(ref. FAR 6).

Na Legislação brasileira sobre LICITAÇÃO E CONTRATOS, condições semelhantes também são consideradas, na forma de diferentes tipos de Licitações.

TÓPICOS SOBRE GERENCIAMENTO (ref. 17.3 do guia)

No passado, um dos principais problemas relativos aos dados  era a incompleta identificação dos requisitos de dados e a falta de ênfase nos procedimentos que asseguravam práticas de desenho legíveis, completas e corretas. Os requisitos contratuais para um Pacote de Dados Técnicos (Technical Data Package TDP) deve ser rastreável ao plano governamental de gerenciamento da configuração, o que, por seu turno, deve implementar a estratégia de obtenção aprovada pela autoridade Decisora (Milestone Decision Aauthority MDA)(ref 17.3.1 no Guia)

        Não é fácil verificar se os desenhos de produto fornecidos e suas listas associadas (especificações, documentação de software, preservação; acondicionamento, embalagens, e dados de marcação; dados de requisitos de testes; e as provisões de garantia de qualidade) satisfazem todas as necessidades para um procura competitiva.

         O pessoal que prepara os dados e aqueles que os reveem devem ser capazes se determinar se teem ou não capacidade para documentar componentes “sem engenharia de design adicional ou recurso  à atividade original de design”. Se não forem capazes, uma abordagem útil de revisão é adjudicar um contrato independente de verificação a uma firma de engenharia de manufatura ou produção que detenha relevante experiência de manufatura. As seguintes orientações são oferecidas para o desenvolvimento de pacotes de dados técnicos:

·        Determine o nível de especificidade  requerido para os propósitos da procura.

·        Assegure que as descrições das partes e desenhos estejam disponíveis de modo que outros participantes na obtenção entendam o que está sendo obtido.

·        Estabeleça preços e opções para o fornecimento de dados somente depois que o design seja estável bastante para torná-lo útil.

·        Obtenha dados técnicos numa programação faseada, a fim de permitir identificar componentes com descontinuidade de fabricação em futuras aquisições competitivas.

·        Inspecione e valide se foi completa a abordagem sobre dados, tanto quanto sua precisão e adequabilidade, tão logo esses dados sejam recebidos

·        Consulte-se com o agente contratante a fim de assegurar-se  que as regulamentações correntes  relativas aos direitos autorais dos dados e quaisquer restrições sobre eles (ref. FAR 27) sejam incorporadas na solicitação.

O pessoal técnico deve rever quanto à cláusulas proprietárias ou marcas restritivas nos desenhos e, quando apropriado, requerer ao agente contratante obter uma justificação escrita do CONTRATADO para tal  marcação  restritiva.    

   

SOBRESSALENTES E DESCONTINUIDADES DE FORNECIMENTO (Ref. 17.3.2 do Guia)

As decisões afetando os sobressalentes devem ser tomadas o mais cedo possível no ciclo de vida do sistema.

         Na medida em que o programa evolui, O Gerente de Logística deve prover  orientação sobre a obtenção de documentação técnica, por meio do contrato. Essa orientação deve incluir marcos notáveis e prover re-alimentação de modo a assegurar  que os materiais específicos somente daquele programa sejam encomendados prontamente. O Gerente de Logística  deve assegurar que também  os sobressalentes que se seguem à provisão inicial (são os follow-on) sejam obtidos de uma maneira custo-eficaz. Basear-se somente nos dados do contrato inicial para apoio follow-on de material de apoio incorpora riscos nas áreas de custos e disponibilidade de sobressalentes necessários – especialmente durante o período de pós-produção. (Guia, ver o Cap 27)  O Gerente de Logística deve considerar a obtenção de dados técnicos, desenhos, ferramental (tooling) etc., a fim de permitir o Serviço (ou a FFAA) competir pelo apoio logístico de follow-on.  O custo de obter essa capacitação deve ser pesado em face dos benefícios potenciais da competição, particularmente durante  um período estendido de pós-produção. (ref. FAR parte 7) requer a inclusão pormenorizada de planos detalhados de componentes descontinuados no plano de obtenção.

         Resumindo, para desenvolver e fornecer um pacote de sobressalentes efetivo aos futuros utilizadores, o Gerente de Logística deve:

1. assegurar a designação oportuna e precisa  dos códigos de fontes de fornecedores (se é o contratado principal, um fornecedor, manufatura em campo, etc.) e encarar (para remover, se possível) direitos de dados e marcações restritivas (proprietárias);

2. requerer que os contratantes identifiquem os reais fabricantes;

3. usar listas filtradas como recomendado pelo contratado principal, fazendo uso intensivo dos recursos de identificação do sistema de suprimentos do DoD e do GSA (General Sservices Administration);

4. assegurar que as peças porventura já existentes no sistema de abastecimento do DoD e do GSA sejam compradas diretamente;

5. colocar pedidos em quantidades otimizadas quando significativa economia puder ser alcançada;

6. estimar basicamente preços de unidades  relativo à quantidades antecipadamente compradas, ao invés de se referir a um único item; (preços do aprovisionamento, isto é,  preços obtidos  durante o processo de aprovisionamento, não devem ser usados  como base para a determinação da razoabilidade dos preços para compras futuras. Os registros  históricos da fase de  procurement  deve identificar preços de aprovisionamento como tais);

7. considerar a integração da obtenção de sobressalentes com a Produção (processo referido como SAIP de Spares Acquisition Integrated with Production), quando o governo combina pedidos de sobressalentes concomitantemente com a produção planejada;

8. encorajar a procura  multi-anual de sobressalentes de recompletamento cujos custos sejam sensiveis à quantidade e investimento iniciais;

9. assegurar que todas as necessidades de partes sobressalentes (inicial ou recompletamento) são combinadas ao máximo possível de modo a se obter economia  pela obtenção de grandes quantidades; os escritórios de compras devem alertar os utilizadores quando a frequência de compras da mesma parte sobressalente está provocando a elevação dos custos);

10. levar em conta a realidade das descontinuidades e as  metas de competição, pela consideração do potencial de economia e da disponibilidade  de especialização na procura que tem por finalidade conduzir  ações que visem a competição e a solução de continuidade no fornecimento; e

11. assegurar que negociações de compromisso sejam feitas confrontando custos de se manter inventários com os descontos por quantidades  adquiridas no mercado.

CONTRATANDO E LEVANTANDO PREÇOS (17.3.3 do Guia)

Gerentes de Programa freqüentemente olham as considerações do Contrato para a Logística, tais como identificar  os deliverables logísticos e criar insumos logísticos para uso pelo SOW, considerando-os tópicos de longo prazo,  e como tais tendo menor importância do que os problemas imediatos. Em conseqüência, considerações logísticas  são freqüentemente diferidas para resolução posterior. Um exemplo comum é a obtenção dos dados necessários para um apoio futuro. Compreensivelmente, com um orçamento curto, é mais provável o Gerente de Projeto cortar os requisitos logísticos de longo prazo do contrato do que itens com impacto imediato.

         Uma Organização militar de compras (OMB USA) descobriu que um grande número de pedidos que não foram sequer apreçados se acumulavam em muitas atividades do DoD. O tempo requerido para auditar, analisar custos ou preços e negociação de uma proposta contratual pode estar relacionada a um sem número de elementos de custo  a ser negociado.

         As soluções para evitar perda de tempo em tais casos   tem sido a redução do número  de elementos de custo a serem analisados, bem como evitado o uso de Acordos Básicos de Pedidos (basic ordering agreements (BOAs)) e o uso de cláusulas de encomenda (aprovisionamento) para grandes quantidades  de dados e sobressalentes que podem ser firm-fixed-priced  no instante em que o pedido for colocado.

Uma outra solução é deixar o levantamento de preços para mais adiante.  Isso contribui para o avanço das negociações  de fatores de custo diretos ou indiretos, os quais então podem ser usados  para estabelecer um acordo mútuo na ocasião oportuna. Os fatores de custos logísticos renegociados facilitam o levantamento eficiente de preços de uma proposta contratual pois permitem mais tempo para analisar os custos diretos. Esses fatores podem ser rotineiramente usados por compradores menos experientes e são facilmente adaptados  para um sistema computadorizado. Dar maior ênfase em negociar arranjos de levantamento de preços mais adiante deve resultar no decréscimo do número de pedidos remanescentes que não tiveram levantamento de preços. Devem ser estabelecidas e monitoradas metas para o controle das ordens que ainda não tem levantamento de preços.

BENS DE FORNECIMENTO DA RESPONSIBALIDADE DO GOVERNO E OUTRAS PROMESSAS (Guia, 17.3.4)

A falha do governo em fornecer em condições os sistemas ou equipamentos da sua responsabilidade  (government furnished Material  GFM), no momento apropriado, pode lhe criar responsabilidade civil que acarretará aumentos de custos e prazos (ref., FAR 52.245-2).  Deste modo, o Gerente de Logística   deve somente identificar  os GFM que o governo pode prover no momento oportuno e numa condição adequada ao uso. Se apropriado, o escritório de contrato pode permitir que o CONTRATADO PRINCIPAL se utiliza dos procedimentos do MIL-STRIP para obtenção do GFM requerido (ref. FAR 51)

FORNECIMENTO OU PROGRAMAÇÃO DE DESEMPENHO IRREALÍSTICOS (ver 17.3.5 do Guia)

O Governo é capaz de cria tal pressão na negociação de contratos  que o CONTRATADO PRINCIPAL  pode ser obrigado a concordar com termos impossíveis de serem cumpridos.

Subseqüentemente o CONTRATADO  pode procurar e receber liberação de requisitos não razoáveis. Desse modo, os Gerentes de Logística  devem evitar estabelecer requisitos numa base de urgência ou com fornecimento ou prazos irrealisticos, uma vez que eles geralmente restringem a competição e aumentam os custos.

INCENTIVOS (Guia, 17.3. 6)

Mecanismos de incentivos em contratos são usados para motivar os contratados que excedem determinados patamares de desempenho, fornecimento e confiabilidade e manutebilidade (R&M), entre outros.

Os Incentivos proveem essa motivação pelo estabelecimento de um relacionamento entre a quantidade de taxas pagáveis e os resultados alcançados. Quando predeterminadas incentivos mensuráveis sobre fornecimento ou desempenho técnico são incluídos, são providos aumentos das recompensas para realizações que excedem os alvos; em contrapartida,  reduções das recompensas são feitas quando os alvos não são alcançados.

Incentivos contratuais são abordados no item ref, FAR 17.4 e numa joint Dod/NASA Incentive Contracting Guide. Incentivos logísticos devem ser endereçar uma ou mais das seguintes condições:

  • designs que tendem a reduzir custos logísticos durante a fase operacional do ciclo de vida (uso incrementado de componentes padronizados; tempo reduzido de pesquisa de falhas, etc)
  • fornecimento acelerado do sistema de apoio logístico (todos os elementos) em correspondência ao aceleramento do programa Principal de obtenção
  • patamares de Confiabilidade e de Manutebilidade (R&M) excedidos ( de um modo geral os Incentivos são estabelecidos para metas significativas que levem ao aumento da eficácia em combate ou diminuam os custos de posse)

GARANTIAS

Esse tópico é coberto no capitulo 19, seção 19 do Guia em referência.

EVITANDO RISCOS (Guia 17.4)

A principal área de risco ao CONTRATAR A LOGÍSTICA, em termos de impacto e da probablidade de sua ocorrência, é a falha em contratar apropriadamente  para os dados, materiais e serviços. Nesse tópico devem ser consideradas as falhas envolvendo promessas contratuais pelo governo em fornecer  materiais ou serviços,  e a imposição de fornecimentos ou prazos irrealisticos.

O impacto pode abranger a degradação do apoio e a prontidão operacional, aumento dos custos e a perda da boa vontade e confiança dos contribuintes pagadores de impostos.  Contratar o apoio logístico  tem muitas áreas de risco que o Gerente de Projeto deve controlar. . Soluções permanentes para esses problemas  são ilusórias a não ser que a atenção dos Gerentes não seja sustentada em todos os níveis.  Sem tal atenção, nós somente repetiremos os erros do passado – como uma mortífera rajada de atividades - antes que sejam produzidas melhorias significativas ou duradouras.

         No sentido da meta de aprimorar as práticas de melhoria da Logística, o “Office of  Federal Procurement Policy”(USA) publicou um relatório que oferece mais de uma centena de recomendações e sugestões com vistas a evitar as bem conhecidas áreas de risco (Ref 2 da bibliografia) Aquelas mais aplicáveis  em nível executivo e de trabalho do Gerente de Logistica estão incluídas na seção de orientação dada na seção 17.3 do Guia em referência “Tópicos de gerenciamento”. Elas podem ser usadas como uma lista de verificação ou para guiar esforços gerenciais a mão ou rever o trabalho da matriz pessoal de modo a assegurar o valor de seus esforços com consciência.

CONTRATANDO FERRAMENTAS (Guia 17.5)

Existem várias ferramentas que auxiliam o Planejamento Logístico e , desse modo, o trabalho dos Gerentes de Logística. Sem ser exaustivo, e tendo sempre presente a atualidade das versões dessas ferramentas, normalmente programas de computador, são citadas algumas:

LOGPARS (The Logistics Planning and requirements system). Esse sistema foi desenvolvido para uso em PC desktop. É um sistema inteligente que guia o Gerente de Logística através dos difíceis processos necessários para planejar e executar um programa logístico. A última versão (Junho 1997) incluía importantes ênfases decorrentes da reforma do processo de obtenção. Essa ferramenta está disponível na Internet em:

http://www.syspars.army.mil/alc/logpars/logpars.htm

         O sistema foi desenvolvido pelo USAMC Logistics Support Activity, Redstone Arsenal, Alabama, e incorpora a diretriz necessária, as lições aprendidas e a experiência dos experts em produzir documentação dos programas logísticos críticos. A abordagem sistemática, amigável que o LOGPARS oferece assegura que todas as considerações são endereçadas,  encoraja  a aderência à política existente e elimina o potencial para a contratação de informações redundantes.

TURBO STREAMLINER. Essa ferramenta foi desenvolvida e é mantida pelo escritório de reforma do processo de Obtenção da Marinha e está disponível na Internet em:

http://www.acq-ref.navy.mil/turbo/

         O software provê uma lista de verificação de tópicos da reforma do Processo de Obtenção, uma lista de verificação para o convite à apresentação de propostas(RFP), orientações para relatar a métrica, lições aprendidas,e orientações para enxugar uma RFP. Provê igualmente orientação para avaliar a eficácia das iniciativas do ato de reforma da obtenção no contrato adjudicado, baseado em RFP avaliadas durante a fase I de um esforço de benchmarking  em RFP.

Atualmente já existem várias outros ferramentas de computador que auxiliam o gerenciamento da Logística num programa complexo de obtenção de sistemas de defesa, e que podem ser consultados pela Internet.

Temos a convicção de que são de inestimável valor para uso mesmo na nossa MB, ou servirão de refer~encia para o desenvolvimento de ferramentas similares.

 

SUMÁRIO (ver Guia 17.6)

A participação no Processo de Contrato é parte do trabalho do Gerente de Logística.

Conhecimento de contrato, iniciativa e determinação são essenciais no gerenciamento de Programas de Logística.

 

REFERÊNCIAS (Guia, 17.7) 

  1. The Federal acquisition ?regulation (FAR)
  2. Office of Federal Procurement Policy. “Review of the Spare Parts procurement practices of the department of defense”June 1984
  3. MIL-HDBK-245B “Preparation of Statement of Work (SOW)”
  4. Defense Federal acquisition Regulations Supplements (DFARS)
  5. DARCOM Pamphlet 700-21 Integrated Logistics support contracting guide
  6. DoD/NASA Incentive Contracting guide, October 1969, Army field Manual 38-34 NAVMAT Pamphlet 4283 AF 70-1-5