Conclusões
A classe Collins de submarinos provavelmente irá se tornar, para adotar
a imagem usada por Allan Hawke, Secretatário do Departamento de Defesa,
o F-111 dos seus dias -amaldiçoado por dificuldades de desenvolvimento,
mas destinado a se tornar uma capacitação significativa para a Defesa
australiana. A mais relevante diferença entre os dois é que a vida dos
submarinos não permitirá extensão em serviço da classe Collins na
extensão em que agora é possível comprovadamente com os F-111. O
corolário é que o aperfeiçoamento atrasado dos submarinos terá efeitos
mais significativos para a capacitação da defesa australiana do que
houve no caso dos F-111.
A controvérsia sobre o programa de obtenção dos submarinos gerou
muita especulação de onde realmente jaziam seus problemas. Este
texto argumenta que o programa dos Collins não é único entre os
programas de obtenção de sistemas de defesa e que seus problemas nos
trazem muitas lições sobre grandes programas de obtenção.
A natureza da maioria desses problemas se caracteriza logo nos
primeiros estágios quando o serviço que o patrocinou define as
características do equipamento e suas especificações, usual-mente
precisas e freqüentemente exigentes, controlando como ele será
fornecido. Embora sejam necessárias organização relevante e
gerenciamento eficiente, como sugerido no relatório McIntosh and
Prescott, para a efetiva produção de equipamentos de defesa, isso,
provavelemente, não mudaria o curso de um programa, uma vez
estabelecido. Equipamentos de defesa tendem a ser caros e sua produção
cheia de riscos; se uma opção cara é escolhida para atender aos
objetivos de defesa e há riscos envolvidos, o resultado será dispendioso
e as coisas podem caminhar erradas.
A mais importante lição que pode ser aprendida do programa dos
submarinos Collins é a da importância de se selecionar uma estratégia de
obtenção para casar com a natureza do projeto. Embora sendo uma
conclusão a posteriori, sabe-se agora que a ocasião em que foi
decidido desenvolver um design particular para os novos submarinos,
teria sido a oportunidade de mudar a estratégia de obtenção. Na medida
em que a classe tinha espe-
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cificações únicas, até
mesmo para equipamentos padronizados tais como motores diesel e
periscópios, quase todas as áreas do projeto carregavam alto risco. E
porque as especificações eram particulares, as conseqüências das falhas
eram complexas.
O que agora a Marinha reconhece que
tinha que ser feito, era primeiro construir um protótipo, como corpo de
teste, de modo a eliminar a maioria das falhas inevitáveis. Tal teria
sido o mais apropriado. Contudo, nos primeiros dias do projeto essa
abordagem teria sido fortemente criticada, pois importaria em
acrescentar tempo adicional. Embora sendo ainda uma conclusão a
posteriori, reconhece-se que o andamento no modo normal de produção
demasiadamente cedo produziu muitos atrasos no projeto.
É importante que o submarino Collins
seja visto não somente como um mau exemplo de condução de um processo de
obtenção de um sistema de Defesa, mas também como um alerta que esses
problemas são endêmicos e de natureza corrente, observação essa que tem
auxiliado o governo australiano a focalizar na necessidade de aprimorar
tais processos. E de fato, ele os tem mudado de modo a consolidar seu
papel e decidir a linha de ação que oriente as opções de aquisição.
Recentes mudanças nessas linhas de ação dão ao governo certa capacidade
para influenciar nos julgamentos, como a estratégia de obtenção dos
submarinos. Existe ainda muita evidência, no âmbito da Defesa, que
permanece forte o apelo para instituir programas dependentes de sistemas
australianos particulares. Nessas circunstâncias, continuarão a evoluir
programas de obtenção que contenham riscos em alto grau.
As deficiências mais críticas no
gerenciamento dessas circunstâncias recaem na falta de mecanismos de
mais alto nível da política nacional de rever abordagens de altos riscos
inerentes, em um estágio suficientemente cedo, de modo a influir na
direção dos programas de obtenção. O que é agora se torna necessário são
procedimentos que assegurem que as votações parlamentares e o interesse
público possam ter relevante papel em tais mecanismos. |