1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Segundo notícias Defesanet 11 Outubro 2006
Valor 08 Setembro 2006
Projeto do novo submarino envolve siderúrgica no Rio
Claudia Safatle
A Marinha pretende assinar ainda neste ano o contrato de construção e
modernização de submarinos, que terá financiamento externo no valor de 882,4
milhões de euros com a siderúrgica alemã ThyssenKrupp, através de sua
subsidiária ThyssenKrupp Marine Systems. O projeto em negociação com o grupo
alemão envolve também a instalação de uma siderúrgica no Rio de Janeiro,
modernização nas oficinas do Arsenal da Marinha, e prevê a entrega do
submarino em um prazo de sete anos após a assinatura do contrato.
O investimento total será de 1,08 bilhão de euros-soma considerável de
recursos se comparada aos R$ 200 milhões de investimento público nessa área
este ano - sendo a parcela restante contrapartida do governo brasileiro. O
Brasil, assim, se candidata a ser plataforma de construção e reparo de
submarinos de águas rasas, podendo exportar para países da América do Sul,
África e mesmo para as nações desenvolvidas que se especializaram em
submarinos de águas profundas, segundo José Carlos Miranda, secretário de
Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, que trabalhou no
projeto.
Os submarinos convencionais são usados, em geral, para patrulhamento da
costa brasileira e das plataformas de petróleo. Uma das características da
nova tecnologia que será repassada à Marinha é ter um mínimo de ruído, o que
dificulta a detecção do submarino por sonar.
A expectativa é de que assinado o contrato (com financiamento que virá do
banco ABN AMRO, os trabalhos de construção de um novo submarino (classe
214), de 1.500 toneladas de deslocamento, e de modernização dos cinco
existentes, comecem já no início de 2007. O contrato pressupõe acordo de
transferência de tecnologia para o governo brasileiro e, de posse desta, o
país estará credenciado para construir, exportar e modernizar submarinos de
outros países.
A obra será totalmente segurada pela Hermes, companhia de seguro do governo
alemão, e terá assessoria de outra subsidiária Thyssen, a HDW, que é a sigla
em alemão para Howaldtswerke Deutsche Werft AG, o estaleiro que construiu o
primeiro submarino do mundo (1850). Foi do consórcio HDW-MFI que a Marinha
adquiriu, na década de 80, os cinco submarinos de que dispõe. O primeiro,
Tupi (modelo IKL 209-1400), foi construído na própria Alemanha, e os demais
- Tamoio, Timbira, Tapajó e Tikuna - já o foram no Arsenal do Rio.
Segundo informações do diretor de Comunicação Social da Marinha,
Capitão-de-Mar-e-Guerra Paulo Maurício Farias Alves, sem considerar esses
recursos, o orçamento de investimentos da Marinha para 2007, conforme
proposta enviada ao Congresso, é de R$ 330 milhões, que serão usados
prioritariamente no seguintes projetos: continuidade da construção da
Corveta "Barroso" no Arsenal de Marinha no Rio, com conclusão prevista para
o final 2008; na complementação da modernização das seis Fragatas da classe
"Niterói" (construídas na década de 70); na construção, no país, de um
navio-patrulha de 500 toneladas e de lanchas-patrulha; e na aquisição e
modernização de diversos sistemas de armas e sensores, entre outros.
O projeto do submarino convencional (não há qualquer previsão para o de
propulsão nuclear) representa um primeiro passo na retomada dos
investimentos para modernização das Forças Armadas no país. No caso
específico da Marinha, conforme Farias Alves, o sistemático corte de
recursos orçamentários desde 1999. tem provocado um "processo de
desativação" dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais e uma perda
de capacidade de projetar e construir seus equipamentos.
Diante desse quadro, a Marinha propôs um programa de reaparelhamento que
constitui uma nova oportunidade "de retomada da qualificação do pessoal das
bases e estaleiros, em especial do Arsenal da Marinha no Rio de Janeiro",
evitando, assim, que seja uma força totalmente dependente de importações.
Miranda informou que o projeto dos submarinos estima gerar 4 mil novos
empregos na base do Rio, além de incentivar a criação de uma indústria de
fornecedores de componentes para o complexo.
Defesanet 11 Outubro 2006
Com dados do Centro de Comunicação Social da Marinha - Setembro 2006
Marinha do Brasil escolhe Submarino Classe U214 sem AIP
Defesa @ Net publica a posição da Marinha do Brasil referente à decisão de
aquisição da futura classe de submarinos. O modelo escolhido e as razões da
escolha. Também a definição sobre um ponto polêmico que é a adoção ou não de
um sistema de propulsão auxiliar (AIP).
É apresentada uma pequena tabela comparativa sobre as principais diferenças
entre os submarinos Classe Tupi (Classe 209 - IKL 1400) e os futuros Classe
U214.
Em atenção a sua mensagem, a Marinha do Brasil esclarece:
1) Já está definido o modelo de submarino: Scorpène (França), U212 ou U214
(Alemanha)?
Resposta: O processo seletivo adotado pela Marinha do Brasil (MB), para a
escolha de um novo submarino: a ser adquirido mediante construção no país,
resultou na seleção do Projeto IKL U 214, da HDW (ver nota 1).
Tendo em vista a conveniência de evitar a duplicidade de custos logísticos
para apoiar submarinos de origens diferentes - o que ocorreria. fatalmente.
se fosse escolhido projeto de outro fabricante - e considerando os vultosos
investimentos realizados pela Marinha ao longo das duas últimas décadas, em
diferentes metas conotadas aos submarinos Classe Tupi e, mais recentemente,
na construção do Tikuna, associados à cultura e à tecnologia assimiladas
neste período por nossos técnicos (engenheiros e operários) e tripulações
(oficiais e praças) em relação aos processos construtivos, logísticos, de
manutenção e operação destes meios, respectivamente, a MB entendeu que
deveria manter a padronização dos modelos IKL - HDW, de origem alemã.
(ver nota 2)
2) O modelo escolhido será equipado com sistema Avançado de propulsão, como
o AlP, no caso dos submarinos alemães?
Resposta: A Marinha decidiu pelo projeto do IKL 214 sem AIP. As razões que
levaram a tal decisão são de ordem essencialmente logística. A despeito de
algumas inegáveis vantagens operacionais apresentadas pelo sistema, que
permite a navegação submerso a baixa velocidade, por cerca de dez dias, sem
necessidade do ar atmosférico, a MB considerou muito elevados os custos de
obtenção, operação e manutenção desse sistema, levando a que a razão
custo/benefício não se justificasse.
Apenas para ilustrar, o sistema demanda, a cada recarga, quinze toneladas de
Oxigênio líquido e cerca de duas toneladas hidrogênio a 99,9999% de pureza,
no estado gasoso, o que representa. para este gás, volume equivalente a oito
caminhões-tanque. Além da natural dificuldade na obtenção, haveria problemas
para o transporte até o submarino, posto que o hidrogênio é considerado
carga perigosa. Também, para transferir os gases do veiculo de fornecimento
para bordo; é necessária uma Infra-estrutura para a recarga das ampolas de
armazenamento do submarino o que inviabilizaria o reabastecimento fora do
Rio de Janeiro, na hipótese de haver disponibilidade desses gases em outros
portos. Finalmente, uma milha náutica navegada com AIP custa o equivalente a
US$ 43 (quarenta e três dólares); com diesel, US$ 6 (seis dólares).
Notas Defesa @ Net
Nota 1 - A empresa ThyssenKrupp Marine Systems foi formada com a fusão das
atividades dos seguintes estaleiros: Howaldtswerke-Deutsche Werft (HDW) Kiel,
Blohm + Voss - Hamburg, Nordseewerke - Emden, e a Kockums, Suécia e a
Hellenic Shipyards, Grécia. Como 75% das ações pertencem ao grupo alemão
ThyssenKrupp, as atividades de gerência foram assumidas pelo grupo, os
outros 25% pertencem ao grupo One Equity Partners (OEP).
O termo IKL são as iniciais do escritório de engenharia "Ingenieur Kontor
Lübeck", que projetou a classe de submarino U209. Adotou-se como padrão o
termo IKL1400 para caracterizar melhor dentro dos mais de 63 submarinos
produzidos dentro da classe 209 desde os anos 60 até o momento (2006).
Nota 2 -. A obtenção de novos submarinos foi incluída inicialmente no
Programa de Reaparelhamento da Marinha (PRM), Revisão 1979. A partir de
então se iniciaram os estudos para a determinação do tipo de submarino a ser
adquirido, que resultaram, após avaliação das alternativas existentes, na
seleção do submarino IKL-209-1400 de origem alemã, projetado pela firma
Ingenieur Kontor Lubeck (IKL), como sendo aquele que melhor atendia tanto ao
perfil de operação desejado como a evolução tecnológica planejada.
Em 1982 a Marinha assinou dois contratos técnicos com o Consórcio Ferrostaal/Howaldtswerke
Deutsche Werft (HDW) da Alemanha que previam a construção de dois submarinos
idênticos, o primeiro no estaleiro HDW em Kiel e o segundo no Arsenal de
Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Em 1984, após a conclusão das negociações
referentes à parte financeira dos contratos, estes se tornaram efetivos,
iniciando-se assim, neste mesmo ano a construção do submarino Tupi (S30) na
Alemanha. Posteriormente, em 1985, foi assinado um terceiro contrato para a
obtenção de mais dois submarinos, que igualmente seriam construídos no
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, então indicado pela Marinha, como o
estaleiro construtor no Brasil. Um quinto submarino, o Tikuna (S34), foi
também construído no AMRJ (Fonte Poder Naval).
Os primeiros clientes do U214 foram a Coréia do Sul com três unidades e a
Grécia também três unidades.
Observar a junção casco e vela (superestrutura) sem ângulos de 90º uma
característica stealth, menor reflexão ao sonar.
S. Classe TUPI (1400 tons)
(Dados MB)
S. Tipo 214
(Dados TK<S)
Tripulação
30 (inclui 8 oficiais)
27 ( 5 oficiais ?)
Deslocamento
Superfície 1.260t
Submerso 1.440t
Superfície 1.700 t
Submerso 1.950 t
Velocidade (nós)
11-superfície /
21,5-submerso
10,5 - superfície /
21,5 - submerso
Raio de Ação (milhas):
8200 ( 14.760 km)- a 8 nós na superfície / 400-a 4 nós submerso
12.000 ( 21.600 km) a 8 nós superfície /
Comprimento
61 m
65 m
Motores Diesel
4 x MTU 12V 493 AZ80 GAA31L
1 x MTU 16V 396
Torpedos
8 tubos - 8 recarga
533mm Tigerfish Mod 1 ou Mod 27 - Alcance 14km a 40km, velocidade 25 a 40
nós
(45 a 72 km/h)
8 tubos - 8 recarga
533 mm preparados,
24 x STN Atlas Elektronik DM2A4 ou torpedo americano MK-48
Minas
IPqM - MCF-01/100 operação de minagem substituindo os torpedos
?
Unidades
S-30 TUPI
S-31 TAMOIO
S-32 TIMBIRA
S-33 TAPAJÓ
o S-34 TIKUNA é uma versão bastante modificada da Classe Tupi
A ser determinado
A Classe U 214
A Classe U 214 de submarinos foi desenvolvida pela HDW seguindo o exitoso e
provado projeto da Família Classe 209 de submarinos. Também incorpora novos
sistemas desenvolvidos para a Classe 212. O resultado é um sistema que
independe do ar, mas não é um equipamento nuclear, com excepcionais
capacidades técnicas e operacionais, apresentando características de
funcionamento discreto (stealth) e impressionante gama de sensores e
armamento. Graças ao seu projeto modular, a Classe 214pode ser equipada com
uma ampla gama de equipamentos opcionais de acordo com a demanda do cliente.
Outras características do Submarino Classe 214:
1 - Capacidade de operar submerso estendida devido a incorporação de uma
sistema de célula-de-combustível para Propulsão Independente do Ar (air-independent
propulsion-AIP);
2 - Assinaturas acústica, térmica e magnética reduzidas por um projeto
maduro e tecnologias avançadas de produção;
3 - Melhora da capacidade de navegação submersa incluindo grande
profundidade 400m, e
4 - Melhora das condições para a tripulação.
O submarino Classe 214 atende a todos os requisitos operacionais tanto para
as áreas consideradas rasas e as profundas.
Defesanet 12 Outubro 2006
Com dados do Centro de Comunicação Social da Marinha - Setembro 2006
Programa de Modernização dos Submarinos Classe Tupi – ModSub
Informação recebida do Centro de Comunicação Social da Marinha detalha o
Programa de Modernização dos Submarinos Classe Tupi ( ModSub)
Quais as modernizações previstas para os submarinos classe Tupi (IKL 1400)?
Resposta - A modernização está programada para implementação ao longo de dez
anos. Em média, dois anos para cada submarino, aproveitando-se, para tanto,
seus respectivos períodos de manutenção geral (PMG), previstos ocorrer a
cada seis anos.
A modernização inicialmente planejada resultou em custos muito superiores às
possibilidades orçamentárias, levando á que fossem estabelecidas
prioridades. Em razão disso, ficou limitada fundamentalmente, aos sistemas
de combate (sensores, sistema de direção de tiro e unidade de controle do
torpedo) e às estações rádio, além de alguns componentes dos sistemas
auxiliares da propulsão.
Especificamente, são as seguintes as metas para a modernização:
a - sistema SONAR, com aproveitamento da parte molhada (hidrofones e
cabeação), que se encontra em bom estado, e substituição do processamento e
apresentação dos sinais;
b- sistema MAGE (equipamento de medidas de apoio à guerra eletrônica), com
substituição do DR-4000 (Thales) pelo DEFENSOR, em desenvolvimento pelo
Instituto de Pesquisas da Marinha (lPqM);
c - substituição dos equipamentos de HF, UHF,VHF e do QUADRO DE AMARRAÇÃO DE
ANTENAS. Esta parte da modernização por independer dos períodos de docagem
ou de reparos, já foi iniciada com os submarinos Tupi(S-30) e Tamoio (S-31);
d - equipamentos periféricos auxiliares aos sistemas de combate e de
navegação, como MESA DE PLOTAGEM, SISTEMA INERCIAL DE NAVEGAÇÃO, VELOSOM
(equipamento que permite medir a velocidade do som na água, que, sendo
variável, em função da temperatura, da pressão e da salinidade, afeta a
propagação sonar, gerando zonas de maior ou menor probabilidade de detecção
e permitindo ao submarino identificar, em função disso, as melhores
profundidades para escuta e para evasão, respectivamente) e outros;
e- mudança do gás refrigerante do sistema de ar-condicionado para o ISCEON-49,
visando ao atendimento de novos requisitos ambientais (o Freon-12 está sendo
proibido) e à otimização do desempenho do sistema;
f- substituição do grupo destilatório, com a instalação de grupos de osmose
reversa; e
g - substituição de alguns componentes de sistemas auxiliares, como: bomba
de circulação de água salgada, condensadores da frigorífica, medidores de
gases (H2, O2, CO2 e fluídos diversos) e itens menores.
F I M
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