Ressaltando-se o fato de ser o
Tamoio o
primeiro submarino totalmente construído no Brasil, o artigo faz uma
detalhada descrição do novo navio, o primeiro de uma série de quatro
submarinos nascidos de um projeto da empresa alemão Ingenieur Kontor Lübeck, que transfere tecnologia e
treina engenheiros para a construção
de unidades no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. O
Tamoio, assim
como seus três irmãos em construção - Timbira, Tapajó e
Tabajara (o nome
foi trocado, posteriormente, para Tikuna) - tem casco
super-resistente - um cilindro reforçado por anéis de 6,2 metros de
diâmetro - que pode resistir a pressões de 30 atmosferas. O material
empregado em sua fabricação, uma liga especial chamada HY-80, é o mesmo
utilizado para recobrir reatores nucleares. Esse casco é temperado nas
caldeiras da NUCLEBRÁS EQUIPAMENTOS PESADOS e encaminhado ao Arsenal de
Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) em quatro seções: popa, proa e duas
partes centrais. As seções então são pintadas e recebem equipamentos e
estruturas internas. As partes são depois enviadas ao dique flutuante,
onde são soldadas, e finalmente o submarino é levado ao mar.
As principais virtudes dos novos submarinos brasileiros são:
automação dos sistemas, sofisticada capacidade de detecção e tamanho
compacto, com 61,2 metros de popa a proa, metade do comprimento
convencional, o que lhe proporciona maior agilidade nas manobras e
significa menor superfície de reflexão para os sonares adversários.
Além disso, o Tamoio e seus similares podem permanecer debaixo d'água
por 50 dias, navegar submerso a uma velocidade de 40 quilômetros por
hora (cerca de 22 nós) e mergulhar a até 300 metros de profundidade.
Esses itens fazem com que o submarino supere os ingleses da classe
Oberon, da década dos 70, que eram, até agora os mais modernos da frota
brasileira.
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O armamento dos
novos submarinos é composto por dez tubos lança-torpedos inteligentes
Tiger Fish, que podem alcançar alvos a 15 quilômetros e afundar um
navio em poucos minutos. Além disso, transportam e lançam minas através
de quatro daqueles tubos. 'Com ela pode-se minar, em poucos minutos, a
entrada da Baía de Guanabara ou a foz de um grande rio' , informa
um técnico do Arsenal de Marinha. A automação
inclui cerca de 50 compu-tadores para cada sistema, que controlam o
nível de óleo dos motores, a temperatura, a pressão da água, a
intensidade de ruído do cano de descarga etc., contando, ainda, com
pilotos automáticos de rumo e profundida-de. Os sistemas de computadores
subma-rinos também podem guiar os torpedos automaticamente até o alvo, a
partir de informações obtida através de sensores localizadas nos cascos.
No item sonares, ressalta-se o sistema
passivo que, através de 200 hidrofones espalhados pelo casco, permite
que os tripulantes escutem os ruídos de outras embarcações, baleias e
peixes, a até 50 km de distância, e os localize.
Os submarinos brasileiros estão integra-dos,
ainda, no sistema de Posicionamento Global (Global Position System
- GPS), recebendo de satélites americanos suas coordenadas (latitude e
longitude). Também possuem periscópios de 12 metros, com câmeras de
vídeo e foto acopladas.
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* Republicado da RMB 4T/96 |